Medo de Crescer
Ser adulto. Tão esperado por muitos e tão exaustivo para outros. Todas as idades têm os seus momentos e devem ser vividas com essa perceção, isto é, de que vão passar e que são importantes para o concluir de certas e determinadas etapas. A entrada nos 20 anos é, para mim, um pouco confusa, visto que parte de nós ainda é adolescente e a outra parte já é adulta. É uma fase de transição, onde estamos divididos entre sermos adultos responsáveis e sermos apenas miúdos que têm algum medo de crescer e não sabem como se mover nesta nova realidade.
Crescer significa evoluir, mudar e transformarmo-nos em algo melhor. E esta transformação de que falo não é física, mas sim psicológica, que atinge a alma.
Por ser penosa e difícil, muitos desenvolvem a síndrome de Peter Pan, visto que a vida adulta, repleta de responsabilidades, parece assustadora e, quando é colocada na balança, parecem haver muitos mais contras do que prós em vivenciá-la. No entanto, quando vivemos um dia de cada vez e nos permitimos experienciar uma nova realidade, com novos desafios, percebemos que aquilo que percepcionávamos como assustador não é assim tão assustador.
Á medida que o tempo passa, sinto cada vez mais, que a imagem de "ser um adulto maduro" se vai desvanecendo, visto que, no fundo, ser adulto é ser criança mas com novas e mais responsabilidades. Todos já fomos crianças, todos já passamos por essa fase e nunca podemos esquecer-nos de alimentar a criança que existe dentro de nós. O sentimento de infância é, muitas vezes, aquilo que nos dá a esperança e crença numa vida melhor.
Acredito que sabemos quando estamos a crescer quando deixamos, por momentos, de saber bem quem somos. Quando passamos por crises existências de dúvidas e novos questionamentos. Quando começamos a compreender que o mundo é repleto de várias perspectivas, que não existe uma única verdade absoluta, mas várias verdades. Quando nos questionamos quando é que a diversão acabou e quando começamos a crescer. Quando conhecemos a maldade e que esta existe, sempre existiu e irá continuar a existir, mesmo que todos os dias tentemos que o mundo seja melhor.
Crescer dói. O amadurecimento aperta-nos o coração. Requer o abandono, a abdicação de certas formas de ser, pensar e agir, de certas coisas, lugares e pessoas e a descoberta de outras tantas. Na prática, é difícil e penoso, mas é nesse sentido que vamos de encontro a uma mais complexa e mais atualizada versão de nós mesmos.
Maria Manuel Branco

