Ignorância vs. Sabedoria

A morte é um processo natural, inseparável da vida. Ainda assim, por mais que saibamos disso, é difícil aceitar que um dia ela nos tocará. Mas é curioso como vivemos cada dia com esforço, dedicação e resiliência, mesmo conscientes de que tudo terá um fim.

A grande diferença entre nós e os outros seres vivos é a consciência dessa finitude. Os animais vivem no presente, enquanto nós carregamos o peso e o privilégio da inteligência. Foi ela que nos deu a capacidade de criar, construir e questionar, mas também o fardo de sentir, em profundidade, a dor da perda.

O luto é uma das manifestações mais intensas dessa consciência. Sofremos, choramos, sentimos o vazio, mas, ao mesmo tempo, aprendemos. A dor ensina-nos a valorizar o que é essencial, a olhar para a vida com outra perspetiva e a reconhecer a importância dos laços que criamos. É um processo duro, mas também transformador.

Apesar do sofrimento que esta consciência nos traz, não a trocaria pela ignorância. Prefiro viver como ser humano, com dúvidas, fragilidades e saudade, porque é essa mesma consciência que nos permite amar, criar e deixar um legado.

No fim, a morte continua a ser um mistério universal, que nos iguala e nos conecta. Recorda-nos de que somos apenas passageiros neste ciclo, mas também nos inspira a viver com mais intensidade, procurando beleza e propósito mesmo nos momentos de dor.

Maria Manuel Branco