O natural

12-02-2024

A forma mais pura de ilustrar o que é natural e original encontra-se na própria natureza, que sempre me despertou fascínio. Nela, tudo parece estar no lugar certo, a fluir de maneira harmoniosa, sem necessidade de intervenção humana.

Sempre me atraíram os espaços intocados, onde a presença do homem é mínima ou inexistente. Nesses lugares, poderia permanecer horas, apenas a observar os detalhes e a escutar os sons que brotam da terra, do vento, da água e dos animais. Há neles uma serenidade que se infiltra em mim e me conduz a um estado de calma e contemplação — um estado que, na vida urbana, tão saturada de ruídos ensurdecedores e de ritmos frenéticos, raramente consigo alcançar.

Não nego que a intervenção humana trouxe inúmeros progressos e facilidades, que poderia facilmente enumerar. Contudo, junto com essas conquistas, perdemos algo essencial: a empatia, a pausa, a escuta atenta, o olhar profundo para o outro, o simples ato de respirar e pensar sem pressa.

A cidade, com a sua pressa e excesso de estímulos, tornou-nos frios, distantes, prisioneiros de tarefas que devem ser cumpridas rapidamente, quase mecanicamente. Nesse turbilhão, esquecemo-nos do que realmente importa: refletir.

A velocidade do quotidiano, a sucessão de rotinas e o barulho constante roubam-nos o tempo para reparar nos detalhes. Mas é precisamente neles que reside a diferença, e talvez também a essência da vida.


Maria Manuel Branco

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